Programação
Foi há precisamente 20 anos que
Pé de Vento iniciou as obras de recuperação e
adaptação do edifício das antigas instalações da Junta de Freguesia de
Aldoar com o objetivo de criar uma nova sala de espetáculos no Porto, o
Teatro da Vilarinha, inaugurado em outubro de 1996.
A abertura do Teatro da Vilarinha foi um passo decisivo para a projeção da
companhia, uma vez que permitiu o reforço da relação do Pé de Vento com
os públicos do Porto e da sua área metropolitana.
Por essa mesma altura, a companhia Pé de Vento operou modificações na sua equipa
artística e fez alterações na sua estrutura técnico-administrativa, de
modo a responder a novos e exigentes desafios. Na conjuntura atual, a
companhia tem procurado adaptar-se às restrições orçamentais que se
fazem sentir no campo do teatro profissional. Paralelamente, estão em
curso alterações que implicam a atribuição da responsabilidade de
projetos específicos e da direção artística aos elementos mais jovens
que, ao longo dos últimos anos, têm vindo a trabalhar regularmente na
Companhia, como é o caso de
Rui Spranger e
Patrícia Queirós.
A
próxima temporada será já um reflexo destas novas opções. A programação
do Teatro da Vilarinha abrirá com um espetáculo, a estrear em outubro,
da responsabilidade de
Patrícia Queirós, intitulado
DEUSES, DONZELAS,
DESTINOS – História de uma princesa chamada Europa. Seguir-se-á a
reposição, em dezembro e janeiro, de
O Lugar Desconhecido, um dos contos
de
A Mata dos Medos, de
Álvaro Magalhães. Em março e abril de 2016,
voltaremos a mergulhar no universo ficcional de
Álvaro Magalhães, com
Contos do Lápis Verde.
No decurso da nova temporada, retomaremos a
itinerância, designadamente com o programa
ao pé da porta, a que
destinamos três espetáculos, todos da autoria de
Álvaro Magalhães: dois
que transitam da passada temporada –
O Velho e a sua linda nogueira e
O
Senhor do seu nariz – a que se vem somar o espetáculo estreado no
passado mês de fevereiro:
O Lugar desconhecido.
Enquanto nos
preparamos para celebrar, em outubro do próximo ano, os 20 anos do
Teatro da Vilarinha, cá estaremos, entretanto, prontos para vos acolher
na nossa sala: não só com os espetáculos que vos propomos, mas também
com uma nova edição do Encontro de Bastidores, a par de outras
realizações que serão pontualmente apresentadas ao longo da temporada e
de que vos daremos conhecimento.
Fazemos votos para que a
nova temporada vos ofereça um frutuoso encontro com o teatro,
imaginando-o como aquele «jardim» de que nos fala
José Tolentino
Mendonça neste pequeno poema:
Para aqueles que frequentam o jardim
O mundo está sempre a florescer
Longe de mim diminuir o louvor
A Direção
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Teatro
DEUSES, DONZELAS, DESTINOS
O Nascimento de Europa
Dramaturgia Maria João Reynaud
Encenação e interpretação
Patrícia Queirós
Maiores de 6 anos
As histórias com deuses e donzelas enfrentando os
seus destinossempre povoaram o imaginário da cultura ocidental.
Apesar de se ignorar a origem da maior parte desses relatos míticos,
a sua memória foi-se transmitindo ao longo dos tempos, de geração
em geração, permitindo associar o princípio da «crença numa
divindade» a uma cosmovisão primordial. i através de uma cadeia
infinita de contadores de histórias que os mitos abriram o longo
caminho que os levou da forma oral primitiva às múltiplas formas
escritas que os perpetuaram.
A sua fixação
é inseparável de uma progressiva consciência poética da linguagem
e do trabalho de criação. Desde cedo que os grandes poetas da
Antiguidade levaram a cabo a tarefa de fixar em textos esplêndidos,
a que hoje chamamos clássicos, as histórias que a transmissão oral
continuou a difundir e a transformar.
Nas suas diversas
versões, o mito da Europa estabelece uma relação fundadora entre
um lugar real e um lugar imaginário, constituindo deste modo o
substrato de uma «geopoética» que nos convida a refletir sobre as
origens da nossa civilização e da nossa cultura. O facto de o mito
enunciar hoje o que se passou in illo tempore confere-lhe um valor
simbólico renovado. Por isso nos incumbimos da tarefa de o narrar
aos mais novos, para que ele não se apague da memória coletiva e
seja recebido como um legado comum e valiosíssimo, que é preciso
preservar.
TEATRO DA VILARINHA
Sessões para público em geral
25 de outubro a 15 de novembro
sábados e domingos às 16h00
Sessões para público escolar
20 de outubro a 13 de novembro
3.ª a 6.ª às 11h00 e 15h00 (outros horários a combinar)
Duração: 50 minutos seguido de debate
Capacidade máxima de 106 alunos
Preço: 3,40 €/aluno
Organização/preço de transporte: sob consulta
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Teatro
A MATA DOS MEDOS
O Lugar desconhecido
Texto
Álvaro Magalhães
Encenação
João Luiz
Interpretação
Patrícia Queirós
Maiores de 4 anos
Disponível para itinerância
O Lugar desconhecido é o primeiro espetáculo que fará parte de um
díptico intitulado A Mata dos Medos que Álvaro Magalhães aceitou
adaptar para o Pé de Vento levar à cena, a partir do conto homónimo
editado em 2010.
Ao transpor cenicamente o mundo que gira em torno do largo do
Pinheiro Grande procuramos, através destas personagens, falar da
condição humana, uma vez que as dificuldades de vivência destes
bichos em comunidade, como a aceitação da diferença, espelham,
simbolicamente, a conduta dos seres humanos com os medos que os
acompanham. Por outro lado, a vida presente nesta Mata dos Medos é
um verdadeiro elogio à natureza
Ah, o Lugar Desconhecido!
Melhor sítio não há.
Mas
não se procura, só se encontra.
Podes estar parado e chegar
lá.
TEATRO DA VILARINHA
Sessões para público em geral
5 de dezembro a 10 de janeiro
sábados e domingos às 16h00
Sessões para público escolar
1 de dezembro a 15 de janeiro
3.ª a 6.ª às 11h00 e 15h00 (outros horários a combinar)
Duração: 50 minutos seguido de debate
Capacidade máxima de 106 alunos
Preço: 3,40 €/aluno
Organização/preço de transporte: sob consulta
AO PÉ DA PORTA
(O teatro vai ao encontro do público)
13 de outubro a 9 de junho
Condições especiais num raio de 20 km (outras distâncias sob consulta)
3 € por bilhete - inclui a deslocação do espetáculo
Sessões para público escolar (manhã e/ou tarde)
duração: 50 minutos seguido de debate
n.º de espetadores: min. 20/máx. recomendado 150
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Teatro
CONTOS DO LÁPIS VERDE
Texto
Álvaro Magalhães
Encenação
João Luiz
Maiores de 4 anos
Sinto a obrigação de vos dizer, antes de mais, que, embora estas
histórias levem o meu nome, foram escritas, como dizer?, contra a
minha vontade. Sim, é verdade.
Quem as escreveu foi um lápis verde que não sei como veio parar
á minha mão. Para ele, o que eu digo não se escreve, só o que ele
quer escrever. Estão a ver?
Assim começam as
palavras de Álvaro
Magalhães que abre a
edição dos Contos do Lápis Verde onde
o autor desenvolve uma das suas facetas de inventor de palavras
através da exploração do “sem sentido”. Histórias que, com a
aparência de absurdo – Fábula do Porcaleão e do
Lobordeiro ‒ são, em si
mesmas, jogos de linguagem geradores de novos vocábulos.
Situações de pleno absurdo onde ecoam sonoridades de palavras
inabituais que provocam a estranheza e acabam por encontrar a sua
razão de ser no desenrolar da própria história.
TEATRO DA VILARINHA
Sessões para público em geral
12 a 20 de março | 2 a 17 de abril
sábados e domingos às 16h00
Sessões para público escolar
8 de março a 22 de abril
3.ª a 6.ª às 11h00 e 15h00 (outros horários a combinar)
Duração: 50 minutos seguido de debate
Capacidade máxima de 106 alunos
Preço: 3,40 €/aluno
Organização/preço de transporte: sob consulta
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Teatro
O SENHOR DO SEU NARIZ
Texto
Álvaro Magalhães
Encenação
João Luiz
Interpretação
Patrícia Queirós
Maiores de 4 anos
Disponível para itinerância
Custou-me muito a nascer. Estava tão bem desnascido, aconchegado,
sem ter nada que fazer. Mas tinha que ser, e lá acabei por nascer.
Foi então que apareceu a fada… Não foi convidada mas apareceu.
Foi para o que lhe deu. Pousou a mão na minha testa e disse: — A
vida deste rapaz vai dar para o torto.
Assim começa a história de um rapaz condenado a
carregar desde a nascença um nariz do tamanho de um chouriço e que,
aos poucos, transforma a sua desgraça em graça.
Ao longo da temporada O Senhor do seu nariz vai
estar disponível para viajar até onde o queiram ouvir falar das
suas aventuras e o queiram ver atuar.
AO PÉ DA PORTA
(O teatro vai ao encontro do público)
13 de outubro a 9 de junho
Condições especiais num raio de 20 km (outras distâncias sob consulta)
3 € por bilhete (inclui a deslocação do espetáculo)
Sessões para público escolar (manhã e/ou tarde)
duração: 50 minutos seguido de debate
n.º de espetadores: min. 20/máx. recomendado 150
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Visitas guiadas
ENCONTRO DE BASTIDORES
Percurso pelo Teatro
Encontro
de Bastidores é um percurso pelo teatro onde o público contacta com o
outro lado do teatro — o que não se vê no palco mas está sempre
presente...
Neste sentido um ator conduz o grupo através da
totalidade das instalações do Teatro da Vilarinha — camarins, oficina de
construção de cenários, ateliê de confeção de figurinos, cabina de luz e
de som, sala de ensaios e de leitura, serviços administrativos e por
fim o palco e o subpalco, sem esquecer os bastidores.
Ao
longo do percurso os visitantes contactam ainda com adereços, peças de
cenários e figurinos, num encontro com atores, técnicos e demais
elementos da companhia, com os quais deverão procurar esclarecer todas
as suas interrogações.
Tendo em conta que parte dos elementos
do Pé de Vento serão surpreendidos no exercício das suas tarefas
quotidianas, um dos objetivos com o debate é permitir um conhecimento
mais circunstanciado da vida do teatro.
Para que o contacto
se possa estabelecer com as diversas artes e ofícios que contribuem para
a criação teatral, as visitas estão associados à montagem e aos ensaios
dos espetáculos.
Esta atividade visa, igualmente, o
desenvolvimento de novos públicos com uma outra ompreensão do espetáculo
de teatro, tanto mais que sem esse lado não visível, o do palco não
seria possível.
13 de outubro a 27 de maio
2.ª a 6.ª feira às 11h00 e 14h00
duração aproximada: 2h
a partir dos 6 anos
grupos de 40 alunos
organização/preço de transporte: sob consulta
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Exposição
O QUE É O TEATRO?
Exposição composta por 25 quadros (60 cm × 70 cm) disponível
para instituições de ensino, bibliotecas e organizações de
difusão cultural.
Período de cedência: máximo 60 dias
Custos: transporte e montagem (caso seja necessário)
Esta exposição, promovida pela Direção-Geral das Artes,
constituiu um desafio para quem, como eu, há largos anos se vem
ocupando do estudo e do ensino da história do teatro. Ao propósito
de divulgar por todo o País esta arte e a sua história juntava-se o
desejo de nela incluir a memória do teatro feito em Portugal. A
escassez de documentação anterior ao século XVI e as dificuldades
de acesso às fontes textuais e iconográficas foram determinantes
para as opções tomadas. Creio, todavia, que a exposição permitirá
reapreciar o lugar do teatro produzido em Portugal e na cultura
europeia, graças ao cruzamento que o observador é convidado a
fazer, quer entre imagens de diversa proveniência, quer entre estas
e o texto.
Maria João Brilhante – Comissariado científico
(Centro de
Estudos de Teatro)
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