Em cena até 10 de Abril

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O Senhor do Seu Nariz, de Álvaro Magalhães, estreou sábado, 5 de Março, no Teatro da Vilarinha.

Para João Luiz, o encenador, O Senhor do Seu Nariz é um daqueles contos que nos trazem à memória um “outro tempo”. Um tempo muito antigo, cheio de prodígios, em que era possível conviver com seres de outras paragens, de todas as formas e feitios, fossem eles duendes, fadas ou bruxas, capazes de predizer o destino de cada um, por capricho, maldade ou simpatia.
Foi o que aconteceu ao herói desta história, a quem uma fada maldosa fadou para ser «diferente», no momento feliz do seu nascimento… Por maldade, ou pressentimento, disse mesmo mais, para que a mãe ouvisse:
– A vida deste rapaz vai dar para o torto!
E o certo é que deu, porque à medida que o nosso herói crescia, também crescia, sem parar, o seu nariz. Mas a sorte dele, malfadadamente, era bem pior que a do Pinóquio, porque em vez de mentir com todos os seus dentes, falava verdades do tamanho do seu nariz… O seu castigo era ser diferente, tão diferente, que nem tinha nome como toda a gente: era apenas O Senhor do seu Nariz
Mas o que é isso de ser “diferente”? Ao princípio, o rapaz achou divertido não ser igual a toda a gente. Mas depois parece que se cansou de ser diferente. Decidiu por isso ir para um lugar isolado, onde o seu nariz estivesse em paz e confortável. E assim, no seu lugar, ficou instalado um grande vazio.
Mas logo foram muitos os que pensaram na grande falta que ambos faziam: o Senhor e o seu Nariz avisado…
E como nesta história nada é impossível, o Senhor do seu Nariz acabou por encontrar a fada que lhe traçara um destino tão azarado. O pior de tudo é que ela, lá no reino invisível das fadas, também tinha sido muito malfadada!

A transposição deste conto para o palco aposta de novo na personagem do contador/narrador e na ambiguidade que a leitura dramatúrgica permitiu aprofundar. A nossa proposta é fazer uma transposição da situação “narrada” para um plano onde é possível reencontrar a dimensão mágica da escrita de Álvaro Magalhães.

No final desta história, como geralmente acontece nos contos do autor, algo de misterioso fica ainda a pairar: é que As fadas sabem. Mas não sabem que sabem. Sabem sem o saber.
Será?