TEMPORADA 2011-2012

Vivemos num tempo de paradoxos, envoltos num discurso quotidiano que desvaloriza a existência de Portugal como país e ignora a sua identidade, como se de repente Gil Vicente, Camões, Padre António Vieira, Garrett e tantos outros escritores e pensadores tivessem deixado de existir. Ora, o que define o perfil de uma comunidade e confere identidade a uma nação é, antes de mais, a sua língua e a cultura ancestral que nela se expressa.

Por acreditarmos que assim é, aqui estamos a apresentar a nossa próxima temporada, que terá início em outubro, exatamente com um dos autores fundadores do teatro português – Gil Vicente – levando à cena quatro das suas figuras mais típicas e tradicionais, numa montagem de textos a que chamamos Ensalada Vicentina.

Prosseguindo na senda da divulgação de outras formas dramáticas de expressão em língua portuguesa, levaremos ao palco, logo no início de fevereiro, um conto do escritor angolano João Miranda – Pethelo-a-Kuma, o menino inteligente – numa coprodução com a Jangada Teatro de Lousada.

Para encerrar a temporada do Pé de Vento no palco do Teatro da Vilarinha, subirá novamente à cena, em abril e maio de 2012, História do Sábio fechado na sua Biblioteca, texto encomendado a Manuel António Pina em 2008, para assinalar os 30 anos de parceria entre o escritor e a companhia de teatro Pé de Vento.

Mas, se esta temporada fecha com Manuel António Pina, projetamos estrear uma peça inédita do escritor na abertura da temporada seguinte (outubro/2012), comemorando assim, jubilosamente e em conjunto, a atribuição do Prémio Camões 2011 ao autor com quem, ao longo de todos estes anos, temos partilhado o nosso trajeto.

No decurso da próxima temporada vão ainda ter lugar vários ateliês / workshops: de voz, prioritariamente destinados àqueles que dependem desta ferramenta fundamental no seu dia a dia; e de iniciação teatral para os mais pequenos.

Esperamos que, com estas atividades, possamos contribuir para tornar visível o outro lado de um Portugal «em crise». Se assim não for, apenas nos restará fazer aquilo que recomenda Manuel António Pina numa das canções da primeira peça, por ele escrita para o Pé de Vento – Ventolão, o maior intelectual do mundo – e apresentada na Cooperativa Árvore no já distante ano de 1978:

Virar o mundo de dentro para fora | e ver se o mundo assim melhora | e se nem assim o mundo melhorar | voltá-lo a virar, a virar, a virar.

Tantas voltas o mundo há-de dar | que alguma coisa se há-de aproveitar. | E se o outro lado pode ser pior | também pode muito bem ser melhor!

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ENSALADA VICENTINA

Estreia 22 de outubro 2011, no Teatro da Vilarinha

Com Ensalada Vicentina, Pé de Vento propõe-se fazer uma incursão no universo dramático e poético de Gil Vicente, incursão esta pensada há já algum tempo, mas que, por diversas razões, só agora vai subir ao palco.

E porquê esta ensalada? Porque o teatro vicentino é uma criação original e impar de Gil Vicente, atestando um prodigioso poder de invenção, a partir de elementos tradicionais dispersos, não se conhecendo em Portugal, anteriormente a Gil Vicente, realizações teatrais deste ou de outro tipo.

Durante cerca de 35 anos o nosso autor foi nas cortes de D. Manuel I e de D. João III uma espécie de organizador encartado dos espetáculos palacianos, com encargo de festejar nascimentos e casamentos, chegadas e partidas de reis e os dias solenes na corte como o Natal e a Páscoa. Os seus autos nasceram das festividades palacianas, comemorando a primeira delas, o Monólogo do Vaqueiro, o nascimento do futuro rei D. João III em 1502. Por isso, este será também o primeiro texto da nossa Ensalada.

De seguida, e como o teatro vicentino se apresenta muito variado nas suas formas, apresentamos o Velho (enamorado serôdio) e a Alcoviteira (Branca Gil) da farsa O Velho da Horta. Esta história de amor é um dos exemplos do papel da fantasia no teatro vicentino.

O conjunto de textos termina com o Pranto de Maria Parda – porque viu as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tabernas e o vinho tão caro, e ela não podia viver sem ele.

E assim, marcamos encontro nos meses de outubro e novembro com estas quatro personagens inspiradas em outros tantos tipos tradicionais – o pastor, o enamorado serôdio, a alcoviteira, o parvo.


FICHA ARTÍSTICA
texto Gil Vicente
encenação João Luiz
cenografia João Calvário | Rui Azevedo
figurinos Susanne Rösler
música Pedro Junqueira Maia
desenho de luz Rui Damas

interpretação: Patrícia Queirós | Rui Spranger

Maiores de 12 anos

Em cena de 22 de outubro a 20 de novembro 2011
Sábados às 21h30 e domingos às 16h00, para público em geral, e de 3ª a 6ª feira às 11h00 e 15h00, para público escolar, mediante marcação prévia (outros horários a combinar).

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PETHELO-A-KUMA - O MENINO INTELIGENTE

Coprodução com Jangada Teatro, estreia 4 de fevereiro, no Teatro da Vilarinha


Chegou a altura de levar à cena um autor oriundo de um país dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, graças à proposta de coprodução, de um conto do escritor Angolano João Miranda, que a Jangada Teatro, de Lousada, nos fez.

PETHELO-A-KUMA o Menino Inteligente foi onde recaiu a escolha, porque nos encontramos perante um conto que nos conduz a um mundo fantástico e maravilhoso. Pethelo-a-Kuma é o nosso pequeno-grande herói. Um menino que julgava que tudo sabia e que partiu em busca da explicação e entendimento daquilo que não sabia ainda, e queria a todo o custo saber.

A viagem de Pethelo resulta numa sucessão de acontecimentos que envolvem o sabor da aventura, a inverosimilhança do sobrenatural num desenrolar típico da narrativa oral – uma história sem tempo e sem espaço. Na sua viagem para o Kalunga (onde o sol morre) vai encontrar figuras que nos dão a conhecer aspetos da tradição cultural angolana.


FICHA ARTÍSTICA

texto João Miranda
encenação João Luiz
cenografia João Calvário | Rui Azevedo
figurinos Susanne Rösler
desenho de luz Rui Damas


Maiores de 6 anos


Em cena de 4 de fevereiro a 4 de março 2012
Sábados às 16h00 e 21h30 e domingos às 16h00, para público em geral, e de 3ª a 6ª feira às 11h00 e 15h00, para público escolar, mediante marcação prévia (outros horários a combinar).

www.jangadateatro.com

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HISTÓRIA DO SÁBIO FECHADO NA SUA BIBLIOTECA

Nova versão em cena de 21 de abril a 18 de maio, no Teatro da Vilarinha

Era uma vez um Sábio que tinha lido todos os livros e sabia tudo. Nada do que existia, e mesmo do que não existia, tinha para si segredos. Sabia quantas estrelas há no céu e quantos dias tem o mundo. Conversava com os animais e com as plantas e conhecia o passado, o presente e o futuro. Como sabia todas as coisas e não tinha nada para saber e conhecer, a sua vida era muito triste e desinteressante. Era uma vida sem espanto…
Às vezes apetecia ao Sábio não saber qualquer coisa, poder perguntar a alguém qualquer coisa que não soubesse. Mas vivia fechado na sua Biblioteca e não tinha ninguém a quem perguntar nada.
Até que, um dia, bateu à porta da Biblioteca um Estrangeiro. O Sábio abriu-lhe a porta…

Assim começa a narrativa dramática História do Sábio fechado na sua Biblioteca que resultou da encomenda a Manuel António Pina de uma peça para assinalar os 30 anos, simultaneamente, do Pé de Vento e da parceria com o autor. O espectáculo que estreou em Junho de 2008 será revisitado, subindo agora ao palco com um renovado e duplo sentido, ao estar integrado na homenagem do Pé de Vento a Manuel António Pina por ter sido distinguido com o Prémio Camões 2011 pelo conjunto da sua obra, onde se encontra incluído o teatro que temos apresentado desde 1978. Esta homenagem encerra em Outubro de 2012 com a estreia de uma peça inédita.


FICHA ARTÍSTICA
texto Manuel António Pina
encenação João Luiz
cenografia João Calvário | Rui Azevedo
figurinos Susanne Rösler
música Pedro Junqueira Maia
desenho de luz Rui Damas
interpretação Rui Spranger

Maiores de 6 anos

Em cena de 21 de abril a 18 de maio 2012
Sábados às 16h00 e 21h30 e domingos às 16h00, para público em geral, e de 3ª a 6ª feira às 11h00 e 15h00, para público escolar, mediante marcação prévia (outros horários a combinar).



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ENCONTRO DE BASTIDORES
Percurso pelo Teatro

12 a 23 de março de 2012
2ª a 6ª feira às 11h00 e 14h00

Para maiores de 6 anos

Duração: 2 horas. Grupos de 40 alunos.


Encontro de Bastidores é um percurso pelo teatro onde o público contacta com o outro lado do teatro – o que não se vê no palco mas está sempre presente...

Neste sentido um ator conduz o grupo através da totalidade das instalações do Teatro da Vilarinha – camarins, oficina de construção de cenários, atelier de confeção de figurinos, cabina de luz e de som, sala de ensaios e de leitura, serviços administrativos e por fim o palco e o sub-palco, sem esquecer os bastidores.

Ao longo do percurso os visitantes contactam ainda com adereços, peças de cenários e figurinos, num encontro com atores, técnicos e demais elementos da companhia, com os quais deverão procurar esclarecer todas as suas interrogações.

Tendo em conta que parte dos elementos do Pé de Vento serão surpreendidos no exercício das suas tarefas quotidianas, um dos objetivos com o debate é permitir um conhecimento mais circunstanciado da vida do teatro. Para que o contacto se possa estabelecer com as diversas artes e ofícios que contribuem para a criação teatral, as visitas estão associados à montagem e ensaios dos espetáculos.

Esta atividade visa, igualmente, o desenvolvimento de novos públicos com uma outra compreensão do espetáculo de teatro, tanto mais que sem esse lado não visível, o do palco não seria possível.


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ATELIÊS

A VOZ – sua utilização

Workshop orentado pela atriz Patrícia Queirós

Destinado a professores, educadores, formadores e todos aqueles para quem a voz é uma ferramenta imprescindível para o seu trabalho no dia a dia.

Centrado na utilização correcta do aparelho vocal, a formação visa estimular todas as capacidades expressivas ao nível da linguagem verbal – dar ação à voz e à palavra. O trabalho a desenvolver visa dotar os participantes de um conjunto de ferramentas básicas para o conhecimento do seu próprio aparelho vocal e como o usar correctamente no trabalho com a voz.

Venha, neste workshop, descobrir o seu aparelho vocal, e conhecer como pode explorar as suas potencialidades.

Duração: 15 horas (6 x 2 + 3)
Número de participantes: mínimo 8 | máximo 16 *
Horário: 10 de março a 28 de abril (exceto dia 7/4) - sábados, das 10h00 às 12h00
ou 8 a 29 de março - 3ª e 5ª feiras das 18h30 às 20ho0

Preço: 75€ (30€ no ato de inscrição)

Conteúdos
- Respiração e relaxamento
- Colocação e projecção de voz
- Postura
- Articulação e dicção
- Oralidade
- Interpretação de texto
- Avaliação final


ATELIÊ DE EXPRESSÃO DRAMÁTICA | Férias de Páscoa 2012

Orientado pela atriz Patrícia Queirós

A expressão dramática é reconhecidamente a ctividade que mais estimula e desenvolve as crianças e os jovens, aumentando a sua autoconfiança e a sua capacidade de relacionamento, ao mesmo tempo que proporciona o autoconhecimento.

Duração: 12 horas (2h x 6 sessões)
Participantes: mínimo 8 | máximo 16 *
Patrícia Queirós
Preço: 48€ (20€ no acto de inscrição)

Crianças dos 6 aos 12 anos
Datas: 27, 28 e 29 de março | 2, 3 e 4 de abril
Horário: das 14h30 às 16h30

Jovens dos 14 aos 17 anos
Datas: 27, 28 e 29 de março | 2, 3 e 4 de abril
Horário: das 17h00 às 19h00


* Só se realizam se houver número mínimo de participantes


Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.

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